Nunca seremos condenados pelo gostar, pelo sonhar, pelo menos não desta maneira. Já houve sonhos condenados, já houve um gostar proibido. Mas agora não! Aliás digo sempre, nunca, mas nunca, pedirei perdão de gozar o prazer e tornar a dar de mim. É a letra de uma canção, mas tomo como minhas estas palavras. E eu aprendi a sonhar e a gostar em liberdade.
Sorrio na manhã que começa calada e se vai enchendo dos ruídos da vida. E penso na noite que vives dentro de ti. Sorrio à tua imagem inventando, na calada da noite, palavras que extravasem um sentir mágico de sensações na alma que te chegam ao corpo num prazer nunca definido. Porque não me sabes ainda. Porque ainda não sabes o que é um mar sem praias.
E há sensações, há um sentir, que são únicos dentro de nós, mas são sublimes quando partilhados. E aí procuramos o prazer vão de outras palavras, que nos deixam insatisfeitos, esgotados, porque procuramos nelas o sentir único de um outro que desejamos. E na noite desvairada, procuramos esse prazer e depois quase gritamos na dor infinda do não ser. Não!!! Não te percas no desvario de um desejo que não controlas! Porque na noite, apesar de partilhas desvairadas de palavras, estás só, só na carne que clama pelo prazer que sentes na alma!
Também eu já não sei, não sei nada… sei que trago no corpo sorrisos únicos! E nos meus sorrisos de alma farei com que te abandones em mim! Na hora do prazer não há timidez, há um querer bruto e fero de tanto sonhar! E o mar cobrirá a praia naquela hora entre a lua e o sol, hora fugaz de vida sonhada. É o momento dentro de nós.
E a minha rosa negra ficará tatuada em ti no sorriso que esboçarás na calada da noite. Eu terei um sorriso único na calada de um amanhecer.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
madrugada @@@
Há mil e uma madrugadas…
Chego entre a lua e o sol nascente
Serena e lenta num buscar de ti
Na minha pele um sorriso quente
Trago na carne desejos anelantes
Trago no corpo a rendição
Sou fogo em hora de paixão
Sou barco em ondas desejantes
Sou em ti o desejo procurado
Sou a palavra no poema encontrado
Sou o sonho do deleite a acontecer
Sou o corpo rendido num perder
E são tantas as rosas em desejos de um amanhecer… @@@
Chego entre a lua e o sol nascente
Serena e lenta num buscar de ti
Na minha pele um sorriso quente
Trago na carne desejos anelantes
Trago no corpo a rendição
Sou fogo em hora de paixão
Sou barco em ondas desejantes
Sou em ti o desejo procurado
Sou a palavra no poema encontrado
Sou o sonho do deleite a acontecer
Sou o corpo rendido num perder
E são tantas as rosas em desejos de um amanhecer… @@@
domingo, 14 de fevereiro de 2010
carne vale @@@
Esta sou eu num carne vale. Com vinte anos a vida tem um sabor que só muito mais tarde descobrimos. Os vinte anos são sempre arrojados! Temos o mundo todo nas mãos. Num intercâmbio de faculdades, fui uns dias para a minha cidade de acolhimento!!! Paris é sempre diferente seja em que altura for. Mas eu conheço-lhe os cheiros, as ruelas, os bas-fond, as pequenas tavernas de comer barato entre vadios, estudantes sem dinheiro como eu, mulheres sem rumo! A pimenta dos pratos não se compara ao picante da vida aí. Somos quatro jovens cheios de fome. Entre risos por tudo e por nada, decidimos: este ano vamos dançar no carnaval. Amanhã será dia de festa numa discoteca brasileira! Eu ri-me. Temos sempre saudades da música da casa mesmo quando o cantar tem outra toada! Pedro avisa-me sobre o meu vestir. A casa onde vamos exige um vestir mascarado a primor, mas garante que vale a pena! Francisca garante que estará no seu ambiente – ela é sempre sofisticada!
Eu rio-me por dentro. Tenho planos feitos há meses. Sei que um ele especial estará lá. Não saberá nunca quem sou. Será meu cavaleiro andante por uma noite, porque assim o decidi. A sedução começará no meu saber estar nessa noite. Sou muito simples no vestir, calças de ganga metidas dentro das botas no inverno, calças à pirata, minissaias, sapatilhas. Mas também gosto da sofisticação de vez em quando.
Mas esta noite não. Francisca olha surpresa para o meu vestido negro estendido sobre a cama. É lindo! Tem um corte tão diferente! Eu sei e mostro-lhe a minha máscara, cobre-me quase todo o rosto e tem uma rosa negra de lado. Mostro-lhe também a minha écharpe negra com pequenas rosas vermelhas que a salpicam e que dão um tom quase estridente ao vestido.
- Jura, Francisca, jura que nunca dirás quem eu sou. Os outros dois também saberão, mas eles já prometeram e eu confio. – Tens planos, não é verdade? Sim, tenho planos para uma noite. Tenho vinte anos e quero conhecer o sabor de um homem. Quero saber o prazer na carne. Mas não digo isto em voz alta. Ela não entenderia. – Juro! Diz ela numa vénia cómica. Eu rio-me.
Sei que não sou bonita, mas sei que sou diferente. Sei do que sou capaz! E aos vinte anos as certezas são enormes. Sei que serei capaz de o atrair, de ser mulher, de ser fêmea à conquista e esta noite será minha. O meu corpo expande-se no querer, neste desejo de dentro que se sente por onde passo. Não me interessa! Esta sou eu em noite de carne vale.
Depois? Depois não interessa, desde que eu mantenha os meus pés na terra. Vou fazer como os meus amigos cubanos dizem, mañana es mañana. Carpe diem, neste caso, a noite e ela é minha.
Diante do espelho sorrio à minha imagem! O cabelo apanhado e escondida a cara na máscara. Tenho paillettes prateadas no corpo todo. O perfume é leve e insolente. O ligeiro toque de batom brilhante na minha boca condiz com as rosinhas vermelhas na minha écharpe. Levo sandálias negras também, leves para eu poder saltar à vontade.
Francisca nem quer acreditar. Tu devias andar mais vezes assim. Pois sim, desde que seja carnaval, rio-me. Os nossos dois acompanhantes ficam pasmados a olhar-me. És mesmo tu? Sou, sou eu em noite de carne vale. Coitado daquele que te quiser esta noite! Eu sorrio e nada digo.
As músicas sucedem-se. Atingi o meu alvo num ápice. Francisca ria-se dos olhos dele brilhantes quando me olhava. O meu amigo já nem repetia eu disse, eu disse. Dói-me os pés das sandálias. Mas hoje tudo é permitido né?
E, de repente, a lambada surge nos corpos suados e brilhantes! O meu batman já não esconde a sua cara. Quer conhecer a minha! A lambada que dançamos deixa-o quase louco! Eu rio-me feliz. Tiro as sandálias e o chão mais fresco é prazer nos pés em fogo. As nossas ancas tocam-se nessa lambada suada. Rindo, o batman diz-me que não me quer cinderela. Não sou cinderela e o meu corpo mostra-lhe o meu agrado. Ele agarra a minha mão e o beijo é intenso e demorado!
Súbito, deixo a lambada. Pego nas sandálias e fujo correndo! Francisca corre atrás de mim. Então?!!! Deixaste pelo menos uma sandália?!!! Abraço-a e num tom cómico trágico grito-lhe bem alto: ele virou sapo!!! Vamos dormir? Já não aguento os meus pés, o som da lambada e o cheiro do tabaco! E a minha língua sabe a papel de música.
No dia seguinte, ela esperava o meu acordar. Conta depressa o que se passou, quero saber tudo direitinho. Eu rio-me. Não estou triste nem desiludida. Um dia eu serei mulher para um homem e não vou precisar nem de máscara, nem de um vestido negro nem que seja dia de carne vale.
Nos dias que faltaram para o meu regresso, passava muitas vezes pelo batman. Ele olhava-me estranho às vezes. Eu pensava que ele era mesmo um sapo. Ficou-me a recordação de poder ter sido cinderela numa história que não encantaria ninguém.
Outro dia, talvez eu conte uma história de encantar com sapos que são príncipes e com belas que são mesmo belas. E sem esquecer que qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Confesso @@@
Hoje as palavras saem-me num assomo de raiva. Escrevo pensando nas de Miguel Torga do seu Livro das Horas.
E, aqui, me confesso mulher! Anjo, muito poucas vezes! Humana, muitas vezes!
Confesso as minhas virtudes e os meus defeitos. Confesso o meu ser mulher amante, dócil, arisca, menina e serpente. Confesso o meu querer viver e afirmo a minha liberdade de ser assim como sou!
Não me venham com falsos pudores, não me interessam as moralidades balofas de uma sociedade que nos agrilhoa em pensamentos, actos e emoções! Ama assim! Odeia assado!
Recuso esse viver e levanto bem alto esta minha liberdade de ser anjo ou demónio, conquistada com sangue e lágrimas, tantas vezes!
Renego os sorrisos de um não querer! Recuso a falsidade de um amo-te! Abraçarei um gosto de ti. Farei sempre amor como se fosse a última vez. E nunca, nunca pedirei perdão de gozar o prazer que busco incessante na minha luta de vida a conquistar.
Tenho os meus sonhos! Não mos tiram! Conquisto-os um a um. Já aprendi há muito tempo que nada cai do céu! Os deuses andam demasiado ocupados com as suas quezílias para olharem por nós.
Aqui diante de mim me confesso possessa dos sete pecados mortais! Já depus as minhas asas há muito tempo!!!
Tenho inveja, às vezes, da inconsciência de alguns seres humanos! É tão mais fácil viver responsabilizando alguém ou algo pelas coisas que acontecem!
Tenho raiva dos eternos inocentes do não pecar!
Tenho vaidade e salto de alegria quando atinjo o meu objectivo!
Tenho preguiça de olhar os defeitos dos outros!
Tenho em mim a gula do meu prazer a conquistar eternamente!
A avareza existe em mim sim! Sou avara das ternuras lúcidas e suaves!
E a luxúria está no prazer, às vezes com dor, com que me entrego todos os dias, aqui e ali!
Também me confesso esta minha condição humana, este meu ser Abel e Caim, o ser anjo expulso de um paraíso!
Confesso este tudo que sai dentro de mim!
Me confesso, aqui, diante de mim, ser eu, assim!
E, aqui, me confesso mulher! Anjo, muito poucas vezes! Humana, muitas vezes!
Confesso as minhas virtudes e os meus defeitos. Confesso o meu ser mulher amante, dócil, arisca, menina e serpente. Confesso o meu querer viver e afirmo a minha liberdade de ser assim como sou!
Não me venham com falsos pudores, não me interessam as moralidades balofas de uma sociedade que nos agrilhoa em pensamentos, actos e emoções! Ama assim! Odeia assado!
Recuso esse viver e levanto bem alto esta minha liberdade de ser anjo ou demónio, conquistada com sangue e lágrimas, tantas vezes!
Renego os sorrisos de um não querer! Recuso a falsidade de um amo-te! Abraçarei um gosto de ti. Farei sempre amor como se fosse a última vez. E nunca, nunca pedirei perdão de gozar o prazer que busco incessante na minha luta de vida a conquistar.
Tenho os meus sonhos! Não mos tiram! Conquisto-os um a um. Já aprendi há muito tempo que nada cai do céu! Os deuses andam demasiado ocupados com as suas quezílias para olharem por nós.
Aqui diante de mim me confesso possessa dos sete pecados mortais! Já depus as minhas asas há muito tempo!!!
Tenho inveja, às vezes, da inconsciência de alguns seres humanos! É tão mais fácil viver responsabilizando alguém ou algo pelas coisas que acontecem!
Tenho raiva dos eternos inocentes do não pecar!
Tenho vaidade e salto de alegria quando atinjo o meu objectivo!
Tenho preguiça de olhar os defeitos dos outros!
Tenho em mim a gula do meu prazer a conquistar eternamente!
A avareza existe em mim sim! Sou avara das ternuras lúcidas e suaves!
E a luxúria está no prazer, às vezes com dor, com que me entrego todos os dias, aqui e ali!
Também me confesso esta minha condição humana, este meu ser Abel e Caim, o ser anjo expulso de um paraíso!
Confesso este tudo que sai dentro de mim!
Me confesso, aqui, diante de mim, ser eu, assim!
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
sorriso vadio @@@
Há a lua e o sol.
Há um querer e um desejar.
Há esta terra e esta água. Há mares sem praias.
- Há aquela luz única que une por momentos a lua e o sol.
Depois há aquele spleen vindo do nada. Sente-se no corpo e na alma.
Há o prazer de cheiros inebriantes.
Há um existir por dentro.
«E também quando…» sou ilha a explorar.
O meu corpo abre-se em enseadas que prometem. Nele há promontórios, há um bosque, há colinas e uma planície onde se espraiam mãos acariciantes.
O meu corpo esquece outras tormentas no gritar silencioso do prazer.
O mundo todo gira nessa dolência infinita de uma serenidade única.
E parto num sorriso que será sempre vadio. Levo comigo um momento único que é meu. Instante tão vadio como o sorriso.
Agora vou… no corpo tenho a leveza de um prazer acontecido.
Um outro dia… um outro lugar… um outro sorriso vadio.
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