sábado, 15 de agosto de 2009
lembras? @@@
Com esta chuva e este vento é impossível deter as palavras que se atropelam na minha cabeça! Às vezes apetece-me gritar “pára meu coração, não penses! Deixa o pensar na cabeça!” Saboreio esta modorra da não urgência do fazer. E agora sim! Entrego-me ao prazer da memória da chuva a lavar-me a alma no corpo, no cabelo e na cara molhados! Entrego-me a este prazer físico total de a sentir no corpo assim... enrosco-me em mim e sorrio! Sorrio na memória do meu desafio infantil ao vento e às nuvens que parecem tocar-me tão carregadas que estão! E sou eu ali porque estou ali, porque quero estar ali!
E apetece-me estar confiante, acolher-me no seu seio e gritar “Ó céu! Ó chuva! Ó vento! Levando-me passai!” Esta é a chuva, este é o vento e esta sou eu!
As minhas mãos são pequenas, sabes?! Mas às vezes tenho a sensação de agarrar o mundo todo... e elas crescem em feitiço!
E a chuva bate agora forte e a catadupa de imagens minhas e tuas quase me sufocam!
E acendo um cigarro – já não fumava e agora, de vez em quando, o cigarro é apetecível – olho a chuva semicerrando os olhos. Agora não a vejo, apenas a sinto!
De novo sentada tenho na cabeça e nos meus sentidos em alerta aquele “era uma vez...” e perco-me na memória de vozes cadenciadas num ritmo milenar do contar a vida!
De novo me levanto. Hoje existo neste vento que arrasta a chuva! “Sei que posso nadar contigo... confio em ti os meus medos... sei que me trarás de volta à mansidão da praia... sinto-me aqui porto de abrigo seguro... és menino confiante no mar que te embala e que sou eu...! E depois serei eu buscante de porto seguro em ti... porque também eu sei que voltarei e aí sim... abandonar-me-ei então... sem amarras nem defesas... e serei eu também... rendida...
E, vento, em nós não haverá nunca nem antes nem depois. Apenas existiremos enquanto existirmos! Nesta ânsia infinita de ser que nos aproxima, nesta busca de ser tudo de todas as maneiras, revemo-nos e gostamos. E a nossa prisão só existirá enquanto for libertação! Só somos sendo e nada mais, enquanto a construção se faz, enquanto não se esgotar o tu e o eu! E aí talvez sejamos nós numa história de encantar, numa história de “Era uma vez... num reino muito distante... há muitos muitos anos...”, num tempo, num lugar, aí seremos nós!
Assim quero ser em ti. Ainda não desnudei o meu rosto do sorriso feiticeiro e olhar de encantar. Terás tu de o desnudar, terás tu de descobrir o feitiço, se fores capaz...! Terás tu de me fazer desejar o prazer que te quero dar...
num sorriso per te @@@
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